No livro Constelar famílias: fundamentos e procedimentos, Jakob Schneider diz que “as constelações expõem um destino no seu contexto e com as suas consequências, sem interferir no que o cliente irá fazer a partir desse conhecimento. Os facilitadores não acompanham o cliente com tarefas nem estratégias de controle, pois em constelações confia-se na capacidade do cliente em ser responsável e competente com aquilo que foi visto”.
Esta abordagem é radicalmente diferente do que é conhecido como “terapia” em que se espera que o terapeuta tente ajudar o cliente através de intervenções em situações nas quais não se tratam as verdadeiras causas dos problemas.
É por isso que a constelação familiar é uma “terapia” diferente para o cliente: pois ela é uma forma rápida e econômica de se conhecer a causa e a solução de problemas instantaneamente e sem necessidade de acompanhamento.
Então só se pode constelar uma vez?
Sim e não.
Sim, só se pode constelar uma questão uma única vez.
O que acontece é que a constelação desenvolve na pessoa uma vontade de continuar evoluindo e de resolver outras questões. Se ela decide que não quer parar de melhorar a sua vida, então ela pode constelar outras vezes – mas apenas sobre outros temas.
Do ponto de vista do ajudante, a constelação familiar é uma “terapia” diferente para o constelador pois se feita corretamente é surpreendente e proporciona resultados instantâneos – mas que vão reverberar para sempre, desde que o constelador aja corretamente.
Sabendo de tudo isso, podemos entender quando é adequado buscar uma constelação.
Primeiramente, é importante que quem deseja constelar realmente queira parar de sofrer. Muitas vezes a pessoa até procura ajuda dizendo que quer parar de sofrer – porém secretamente deseja continuar sofrendo pois ganha algo com isso. Também é imprescindível que ela queira parar de colocar culpa em outros e esteja disposta a assumir a sua responsabilidade no processo de tudo que aconteceu.
Tudo isso significa basicamente sair do papel de vítima.
Quem quer constelar urgentemente, quer usar a constelação para manipular pessoas ou não está disposto a parar de sofrer, fica em papel de vítima e assim não conseguirá ver a verdade. E como sem a verdade é impossível ver soluções, para pessoas que agem assim não adianta constelar.
Ao constelador cabe perceber essas situações e não atender pessoas que se recusam a sair do papel de vítima – pois caso ele tente atender alguém dessa forma, a constelação não vai acontecer porque não será condizente com as Ordens da Ajuda.
É imprescindível que o constelador atue dentro das Ordens da Ajuda: sem aplicar questionários, sem usar cartas com frases prontas e sem usar procedimentos padronizados para comandar a constelação.
Aqui também cabe ao cliente perceber se o constelador está agindo dessa forma – e se assim for, recusar-se a ser “constelado” por ele.
Constelação é sinônimo de verdade. Para que a verdade apareça e possibilite soluções, esses cuidados básicos devem ser tomados pelo constelador e por quem é constelado.
Texto de Marcos Alexandre. Reprodução permitida com crédito para o Boletim CONSTELAR de Marilise Einsfeldt.