Como viver em paz com a morte (e com os mortos)

“Eu acho que às vezes nós esquecemos que somos meros visitantes temporários na Terra. Que estamos temporariamente ocupando estes corpos. Nós levamos nossa vida muito a sério e esquecemos que o nosso destino final, seja daqui a 90 anos ou daqui 9 anos, é sair daqui.”

Este é o início e um texto publicado há alguns anos no Facebook pela famosa escritora Elizabeth Gilbert, autora de best sellers como Comer, rezar, amar.

Em uma recente entrevista a Marie Forleo sobre seu novo livro, Elizabeth falou sobre a sua experiência de estar em paz com a morte de sua companheira Raya: “Ela era a única pessoa do mundo com quem me senti segura e por quem me senti vista. E ela não está mais aqui. O que eu vou fazer agora? Como eu vou criar segurança em um mundo sem ela? Este é um desafio interessante. Eu acredito em um universo benevolente. E ele não diria para mim: ‘Eu tirei de você a única pessoa importante da sua vida e você nunca mais vai achar isso com nada nem ninguém’. Isso é impossível pois o universo é abundante. Ele me deu Raya e agora me deu o desafio de me definir sem ela. Havia uma vida que eu só poderia ter com ela, e essa vida não existe mais. E há uma vida que eu só posso ter sem ela, e essa vida está começando agora. Há coisa que só posso fazer sem ela. Há relacionamentos que só posso ter sem ela. Há um mundo inteiro sem ela e eu digo sim para o novo, sem saber o que ele é. E eu acredito que é meu destino ter uma vida tão linda depois da Raya como a que eu tive com ela.”   

Marie continua a entrevista lendo o restante da postagem antiga de Elizabeth: “Quando nós esquecemos da nossa transitoriedade, nós achamos que vamos ficar aqui para sempre e todas as nossas escolhas se tornam muito pesadas, muito significativas e muito intimidadoras. Porém nós não vamos ficar aqui para sempre, então talvez as coisas não importem tanto quanto nós achamos que importam. Talvez possamos ser um pouco mais leves em relação a nossas escolhas. O que você quer fazer antes de ir embora? O que te traria alegria e elevação ? Nós estamos apenas de passagem, então podemos aproveitar um pouco mais antes de sair daqui, certo?”

Na sequência, Elizabeth diz a Marie: “Eu não tenho a mínima ideia do que está acontecendo aqui. Nós estamos nessa pequena bola girando pelo universo em uma velocidade incrível e somos a única espécie que tem consciência disso. Somos a única espécie que tem consciência do passado, do presente e do futuro. Temos história, deuses e mitos e coisas tão ricas e tão complexas. Somos jogados nas nossas famílias e nossas culturas e nossas linguagens… e depois morremos! E todo o tempo sabemos que vamos morrer! A morte sempre vai chegar. Isso é a única coisa que pode ser prometida para alguém e cada vez que isso acontece, dizemos: Como pode acontecer essa tragédia? Mas a taxa de mortalidade da Terra continua firme a 100%. Não tenho a mínima ideia do que tudo isso significa mas uma coisa eu sei: isso é muito interessante e eu não quero perder nada desse mundo tão esquisito em que vivemos.”

A postura de Elizabeth Gilbert em relação à vida e à morte reflete o que nos ensinam as constelações. Podemos ficar em paz com a morte e com os mortos quando respeitamos as decisões de cada um, olhando com respeito o seu destino. Além disso, podemos guardar em nossos corações todos os ensinamentos e o tempo em que vivemos juntos com quem se foi.

Assim, honramos a vida que eles tiveram e podemos viver mais um pouco, realizando coisas boas e sendo felizes em homenagem a eles.

A entrevista de Marie Forleo com Elizabeth Gilbert está AQUI

(Texto de Marcos Alexandre. Reprodução permitida com crédito para Boletim CONSTELAR de Marilise Einsfeldt.)