A síndrome do bebê desaparecido

Uma das causas possíveis de dificuldades que enfrentamos na vida pode ser a morte de um bebê dentro do útero.

Desde 1945 a ciência estuda casos rotulados como “síndrome do gêmeo desvanecido”, que mostra que em muitos casos de gravidez dupla ou múltipla, alguns fetos desaparecem de forma inexplicável. Com a criação do ultrassom na década de 1970 e seu desenvolvimento que passou a permitir exames bem no início da gestação, hoje é sabido que em cerca de 30% de casos de gravidez de gêmeos um dos fetos desaparece no primeiro trimestre e que mesmo em uma gestação única os abortos espontâneos que não são percebidos pela mulher são muito frequentes.

Não há explicação científica para este fenômeno, porém sabemos que ele afeta os pais e os irmãos vivos porque o sistema familiar não permite exclusões. Sendo assim, o não reconhecimento do lugar do bebê que não veio causa uma disfunção no sistema que pode resultar em doenças e dificuldades em várias áreas.

No caso de gêmeos, por exemplo, um vínculo muito forte é estabelecido e precisa ser reconhecido. Há um famoso caso na Inglaterra de gêmeos que salvaram a vida um do outro: por dividirem o mesmo saco amniótico, havia o risco de que se um deles se movesse, os cordões umbilicais se enrolariam e cortariam a fonte de alimento e oxigênio. Porém, através da ecografia observou-se que eles ficaram durante toda a gravidez de mãos dadas e sem se mexer, e nasceram saudáveis.

Nos casos em que isso não ocorre e um dos gêmeos desaparece, o sobrevivente sente a perda do outro e este trauma pode ter consequências futuras como angústias inexplicáveis, sensação de abandono, etc.

Mas o vínculo inconsciente intrauterino não é apenas entre gêmeos. Um bebê que nasce meses ou anos após outro que não veio pode sentir-se também vinculado a ele, e de forma inconsciente passar a representá-lo no sistema familiar. Quando isso acontece a pessoa sai do seu lugar e assim pode apresentar doenças e diversos conflitos. Para os pais, a perda não reconhecida também tem consequências.

Esta é uma das causas que a constelação familiar revela quando pessoas não conseguem se encontrar nem desenvolver todos os seus potenciais. No momento em que isso é harmonizado dentro do sistema, todos encontram seus verdadeiros lugares e sentem-se mais seguros e livres, levando a efeitos positivos em todas as áreas da vida.   

(Texto de Marcos Alexandre. Reprodução permitida com crédito para o autor e para o Boletim CONSTELAR de Marilise Einsfeldt.)