A constelação traz resultados diferentes de outras abordagens terapêuticas porque ela é diferente de todas as outras abordagens: a constelação revela a imagem verdadeira de um problema e as dinâmicas ocultas envolvidas. Quando isso finalmente é conhecido, então uma solução pode surgir.
É por isso que a constelação requer certos cuidados, tanto de quem quer ser constelado como de quem quer ser constelador.
No Boletim CONSTELAR do mês passado falamos sobre quem não pode ser constelado.
Nesta edição vamos ver quais as características que uma pessoa que pode ser constelada deve procurar em um constelador para que possa ter segurança que será atendida por um profissional que realmente trabalha com Familienstellen – o trabalho original de Bert Hellinger.
Um bom constelador não faz sessões de constelação. Uma constelação tem começo, meio e fim – então é impossível fazer sessões de constelação. Além disso, muitos problemas em diferentes áreas da vida podem estar interligados e quando a causa de um deles é tratada em uma constelação, várias questões podem ser resolvidas ao mesmo tempo e não é preciso constelar cada assunto separadamente.
Um bom constelador não usa cartões com frases sistêmicas ou outros artifícios. As frases de solução emergem no campo para cada caso, são precisas e diretas e por isso têm um efeito. Frases prontas são palavras sem sentido em relação ao campo e portanto são ineficazes, assim como outros artifícios: tarô, mapa astral, pêndulo, mesa radiônica, etc. Um bom constelador sabe acessar e trabalhar no campo e não precisa de artifícios.
Um bom constelador não aplica entrevistas ou questionários. Um bom constelador se recusa a ouvir histórias do cliente porque a constelação revela dinâmicas ocultas que não são percebidas conscientemente por ele – por isso nada que o cliente possa falar será relevante para a constelação. Nas palavras de Bert Hellinger: “um constelador se recusa a ter qualquer conversa com o cliente antes da constelação.”
Um bom constelador não atende quem se coloca em papel de vítima. Se um constelador atendesse pessoas que se colocam o papel de vítima, ele estaria se colocando no papel de mãe, pai ou salvador do cliente. Dessa forma uma constelação não pode acontecer pois não condiz com as Ordens da Ajuda. Por exemplo: se uma pessoa quer constelar um tema mas não assume sua responsabilidade na situação e apenas acusa os outros, se uma mãe ou pai quer que um filho seja constelado mas a causa do problema do filho está com a mãe ou pai e não com a criança, se alguém protela a sua constelação e de uma hora para outra exige ser constelado urgentemente, não é possível que a verdade seja vista no campo – e sem a verdade não existe solução.
Um bom constelador não tenta comandar a constelação. Uma constelação só acontece se for realizada de acordo com as Ordens da Ajuda, então nada pode ser forçado pois não se trata de um teatro nem de um método a ser repetido. Se a constelação é verdadeira, o constelador não determina o que aparece nela. Por exemplo: há consteladores que dizem que a primeira coisa a ser vista em uma constelação é a relação do cliente com a mãe. Mas isso não é verdade. A relação com a mãe é primordial e afeta muitos aspectos da vida, porém como a constelação revela as reais causas dos problemas, elas podem estar relacionadas ao pai, a irmãos, a antepassados, a ex-parceiros, a segredos de família, a exclusões, etc. e não com a mãe. Em muitas constelações a mãe nem aparece no campo porque não está relacionada à questão a ser resolvida e forçar essa dinâmica não gera resultados. A constelação se trata de movimentos da alma e uma condução forçada está sempre errada pois uma fórmula pronta não alcança a alma.
Um bom constelador não deixa o cliente tentar comandar a constelação. Se um constelador não pode comandar uma constelação, muito menos o cliente consegue fazer isso. A constelação exige respeito. Um bom constelador não permite que o cliente escolha os elementos a serem colocados no campo, tente fazer a constelação por curiosidade ou para interferir na vida de outras pessoas ou ainda que constele na frente de amigos e familiares.
Um bom constelador não se apoia em um certificado que o habilita a constelar. Um bom constelador não se importa com certifcados e sim com prática e estudo constantes pois sabe que nenhum certificado pode garantir que alguém está apto a ser constelador. Um certificado apenas atesta a participação em um curso e não tem o poder de transformar alguém em constelador. Nada pode garantir que alguém está habilitado a constelar. O que faz de alguém um constelador é saber usar as Ordens da Ajuda, que é a única forma de se fazer uma constelação eficaz e verdadeira. Praticar isso exige muito mais do que certificados.
Texto de Marcos Alexandre. Reprodução permitida com crédito para o Boletim CONSTELAR de Marilise Einsfeldt.