Antigamente apenas mais um termo clínico, a palavra trauma ao longo dos anos tornou-se amplamente compreendida e utilizada. O que não se conhece tão abertamente é o que está por trás da origem dos traumas que podemos carregar.
Mas primeiro temos que entender que há três reações a eventos que ameaçam a vida e a integridade. Enfrentar ou fugir são as duas mais básicas, porém existe uma terceira: congelar. Isso significa que quem passa por uma experiência repentina de perigo pode ficar imobilizado. Por exemplo, quando um pássaro entra em um local fechado e é capturado, ele tende a congelar – e quando é libertado ao ar livre e vê que o perigo passou, vai se reorientar e sair voando normalmente. Porém se ele é capturado uma segunda vez, o estado de congelamento dura mais tempo e ele demora mais para se reorientar. Se ele for capturado muitas vezes, além de o estado de congelamento tornar-se mais longo, o pássaro não vai conseguir se reorientar e vai começar a ser comportar de forma agressiva. Se ele continuar a ser capturado continuamente, morrerá de um ataque cardíaco.
Os humanos passam pelo mesmo tipo de processo. Nós esquecemos como naturalmente sair do estado de congelamento e seguir o fluxo da vida.
Sem ajuda, nós não conseguimos retornar do trauma e passamos a vida carregando energias congeladas em nosso sistema nervoso que criarão situações como doenças, confusão mental, stress, dificuldades, etc.
E aqui entra a importância dos estudos que revelam que estes traumas não acontecem especificamente com uma pessoa – mas podem vir de situações passadas por seus ancestrais. É necessário entender que a história familiar tem um grande papel em relação a traumas.
Por exemplo, pessoas cujos pais fugiram ou foram exilados de seus países
carregam esses mesmos sentimentos de impotência e frustração e qualquer pequena experiência que possa relembrar algum tipo de isolamento causa uma imensa reação, desproporcional à realidade.
O mesmo acontece quando alguém passa por situações traumáticas porque está inconscientemente repetindo algo mal resolvido vivido por um ou mais ancestrais. Ou seja, a situação traumática continua ativa e se repetindo mesmo que na verdade não exista mais.
É o estado congelado que inibe o fluxo natural da vida.
Mesmo que o objetivo da constelação não seja especificamente trabalhar traumas, ela constantemente lida com eventos traumáticos no sistema familiar como aprisionamentos, assassinatos, exílios, abusos e violências. Além disso, entram aqui também as dinâmicas descobertas por Bert Hellinger entre vítimas e perpetradores.
Portanto, a constelação pode dissolver as energias congeladas que interferem na vida de uma pessoa.
Outro fato importante é que muitos destes traumas são ocultos. Tratam-se de segredos que ninguém conhece e que só podem ser revelados em uma constelação. E só quando algo torna-se conhecido é que pode ser resolvido.
Por isso muitas pessoas passam a vida sem resolver os traumas: apenas por não conhecerem suas verdadeiras origens.
A constelação nos conecta com nossas raízes e traz à tona o que não sabemos. É isso que nos permite curar e resolver as nossas questões.
Ninguém está condenado a uma vida disfuncional: há apenas as pessoas que não entendem a verdade sobre os fardos que carregam e por isso não conseguem libertar-se deles.
(Adaptação do artigo Trauma work and family constellations: irreconcilable or Ccmplementary? de Bertold Ulsamer. Reprodução permitida com crédito para Boletim CONSTELAR de Marilise Einsfeldt.)