Dormir é um fenômeno muito estudado mas ainda sem explicação. Só o que a ciência sabe é que o ser humano pode viver muitos dias sem comer ou beber, mas morre se ficar muito tempo sem dormir. Portanto, dormir não é sinônimo de repouso – mas é um estado fisiológico especial no qual as ondas cerebrais se alteram e os globos oculares se movimentam como se a pessoa acompanhasse algo com olhar, embora as pálpebras estejam fechadas.
Embora a ciência não possa explicar por que dormimos, é nesse estado fisiológico misterioso que temos sonhos. As interpretações de Sigmund Freud para os sonhos são as mais conhecidas popularmente – mas Bert Hellinger os classificou de acordo com sua visão fenomenológica.
Sonhos primários: são lembranças codificadas. Sonhos primários com água, por exemplo, remetem a memórias do nascimento. Uma mulher sonhou que esquiava com sua filha e a menina caiu num lago. Essa mulher veio ao mundo de forma súbita, quando a mãe tomava banho em uma banheira.
Sonhos secundários: se forem levados a sério, são sonhos que confrontam a pessoa com o seu problema – por isso ela não os entende e acha que se é “só um sonho”, ela não precisa fazer nada. Por exemplo: um homem sonhou que um falcão avistou um passarinho, apanhou-o com todo cuidado e levou-o para seu ninho. O homem achava que era um sonho maravilhoso – mas sua esposa o havia deixado para viver com outro. O sonho descrevia isso: sua mulher aninhou-se em cama alheia, e o homem não percebeu a descrição da sua situação.
Sonhos sombrios: mostram um lado oculto de nossa personalidade. Geralmente não os contamos aos outros pois revelam elementos assustadores que não estamos preparados para enfrentar.
Sonhos sistêmicos: revelam algo não resolvido na família em relação a suicídios, assassinatos e mortes. Deve-se ter muito cuidado para não interpretar esses sonhos como se fossem relacionados à pessoa, fazendo-a responsável pela situação. Por exemplo: um homem sonhou que encontrou um corpo esquartejado no porão. Ele pensou se tratar de seus impulsos homicidas, mas na verdade era um sonho sistêmico. Ao indagar seu pai, este contou ao homem que pouco depois de ele nascer, a mãe engravidara novamente e tivera complicações, fazendo com que feto tivesse que ser removido do ventre materno aos pedaços. Embora o homem não soubesse do irmão antes de ter o sonho, reservara a ele um lugar em sua vida, pois sempre tivera tudo em dobro: dois apartamentos, dois escritórios, duas escrivaninhas, etc.
Metassonhos: são tidos por pessoas que ativamente procuram soluções. A pessoa percebe imediatamente o significado do sonho, pois este traz uma solução ou indica o próximo passo a tomar. Porém estes sonhos só vêm a quem está preparado para agir.
A narração de um sonho atinge o ponto alto na segunda ou a terceira sentença, e o que vem depois diminui a sua força. Quem conta um sonho tende a perder-se nos detalhes, então se interrompemos a pessoa depois da segunda ou terceira frase vemos com clareza o que ele significa e a mensagem que traz.
(Texto adaptado do artigo O trabalho de dormir, da revista Superinteressante, e do livro A simetria oculta do amor, de Bert Hellinger. Reprodução permitida com crédito para o autor e para o Boletim CONSTELAR de Marilise Einsfeldt.)
Veja também a entrevista de Marcos Alexandre sobre interpretação de sonhos AQUI.